quarta-feira, 19 de setembro de 2012
A posição filogenética da espécie humana entre as outras espécies
A posição filogenética da espécie humana entre as outras espécies
A espécie humana, o Homo sapiens, incluída entre os vertebrados, pertence à classe dos mamíferos. Essa classe, por sua vez, diferenciou-se em várias ordens, entre elas a dos primatas, formada também pelos macacos, gorilas e formas similares. Entre os primatas, a espécie humana é filogeneticamente próxima aos chimpanzés e aos gorilas.
- Características gerais dos primatas
Os Primatas, a ordem a que pertencemos, compreende cerca de 181 espécies, desde os pequenos lêmures até aos grandes antropóides e, claro, o Homem. Existem mais de 260 tipos de primatas que, numa visão geral, podem ser divididos em quatro grupos: os macacos inteligentes (chimpanzé, gibões, gorila, orangotango), os macacos do “velho mundo” (nenhum deles têm cauda preensil, como os babuínos, por exemplo), os macacos do “novo mundo” (mais de 75 tipos, cuja maioria, especialmente os maiores, tem cauda preensil utilizada como uma quinta mão, exceto micos e saguis) e os prossímios (cujos cérebros são menores e menos desenvolvidos, geralmente têm um focinho longo e seu sentido do olfato é mais desenvolvido, como os lêmures)...
Os dinossauros do mundo
Os dinossauros eram criaturas únicas. Tanto que alguns cientistas especializados em cladística os consideram como uma classe à parte, intermediária entre os répteis e aves. Como os répteis possuíam pele escamosa, punham ovos com casca, tinham caudas longas e fortes e dentes homogêneos. Diferentes dos outros sáurios, porém, cujas patas estão posicionadas nas laterais do corpo, suas patas eram posicionadas logo abaixo do tronco, tal como as aves e os mamíferos. Também como as aves e mamíferos seu metabolismo de alguma maneira podia manter-se mais ou menos constante, sem depender da temperatura do meio externo. Acredita-se que os dinossauros evoluíram a partir de répteis arcossauros conhecidos como tecodontes.
Alguns Dinossauros
Alguns Dinossauros
Tiranossauro Rex |
|
Pangéia
Configuração da Pangeia.
No início do século XX, o meteorologista alemão Alfred Wegener levantou uma hipótese que criou uma grande polêmica entre a classe científica da época. Segundo ele, há aproximadamente 200 milhões de anos, os continentes não tinham a configuração atual, pois existia somente uma massa continental, ou seja, não estavam separadas as Américas da África e da Oceania.
Essa massa continental contínua foi denominada de Pangeia, do grego "toda a Terra", e era envolvida por um único Oceano, chamado de Pantalassa.
Passados milhões de anos, a Pangeia se fragmentou e deu origem a dois megacontinentes denominados de Laurásia e Gondwana, essa separação ocorreu lentamente e se desenvolveu deslocando sobre um subsolo oceânico de basalto.
Após esse processo, esses dois megacontinentes deram origem à configuração atual dos continentes que conhecemos. Para conceber tal teoria, Wegener tomou como ponto de partida o contorno da costa americana com a da África, que visualmente possui um encaixe quase que perfeito. No entanto, somente esse fato não fundamentou sua hipótese científica.
Outra descoberta importante para fundamentar sua teoria foi a comparação de fósseis encontrados na região brasileira e na África, ele constatou que tais animais eram incapazes de atravessar o Oceano Atlântico, assim concluiu que os animais teriam vivido nos mesmos ambientes em tempos remotos.
Mesmo após todas as informações contidas na hipótese, a teoria não foi aceita, foi ridicularizada pela classe científica. Sua hipótese foi confirmada somente em 1960, após 30 anos da morte de Wegener , tornando-se a mais aceita.
Essa massa continental contínua foi denominada de Pangeia, do grego "toda a Terra", e era envolvida por um único Oceano, chamado de Pantalassa.
Passados milhões de anos, a Pangeia se fragmentou e deu origem a dois megacontinentes denominados de Laurásia e Gondwana, essa separação ocorreu lentamente e se desenvolveu deslocando sobre um subsolo oceânico de basalto.
Após esse processo, esses dois megacontinentes deram origem à configuração atual dos continentes que conhecemos. Para conceber tal teoria, Wegener tomou como ponto de partida o contorno da costa americana com a da África, que visualmente possui um encaixe quase que perfeito. No entanto, somente esse fato não fundamentou sua hipótese científica.
Outra descoberta importante para fundamentar sua teoria foi a comparação de fósseis encontrados na região brasileira e na África, ele constatou que tais animais eram incapazes de atravessar o Oceano Atlântico, assim concluiu que os animais teriam vivido nos mesmos ambientes em tempos remotos.
Mesmo após todas as informações contidas na hipótese, a teoria não foi aceita, foi ridicularizada pela classe científica. Sua hipótese foi confirmada somente em 1960, após 30 anos da morte de Wegener , tornando-se a mais aceita.
Quadro dos períodos geológicos e os Eventos Biológicos Marcantes
ERA
|
PERÍODO
|
ÉPOCA
|
IDADE
|
EVENTOS BIOLÓGICOS MARCANTES
|
Cenozóico
|
Quaternário
|
Holoceno
|
10.000
|
"Era do Homem".
O homem torna-se a forma de vida dominante sobre a Terra. Estabilização do clima. |
Pleistoceno
|
1.750.000
|
Glaciações
mais recentes. Domínio dos mamíferos de grande porte. Evolução do homo sapiens | ||
Terciário
|
Plioceno
|
5.300.000
|
Avanço
das geleiras. A vegetação é dominada pelos campos e savanas. Aparecimento de mamíferos ruminantes. | |
Mioceno
|
23.500.000
|
Formação de
grandes campos. Mudanças climáticas levam a formação da calota polar Antártica. | ||
Oligoceno
|
34.000.000
|
Aparecimento
de elefantes e cavalos. Aparecimento de vários tipos de gramíneas. | ||
Eoceno
|
53.000.000
|
Surgimentos
da maior parte das ordens de mamíferos. | ||
Paleoceno
|
65.000.000
|
Domínio
dos mamíferos de porte pequeno a médio. | ||
Mesozóico
|
Cretáceo
|
xxxx
|
135.000.000
|
Primeiras
plantas com flores, grupos modernos de insetos, pássaros e mamíferos. |
Jurássico
|
xxxx
|
205.000.000
|
Pterossauros
e primeiros pássaros. Dinossauros vagueiam pela Terra. | |
Triássico
|
xxxx
|
250.000.000
|
Primeira
aparição dos dinossauros. | |
Paleozóico
|
Permiano
|
xxxx
|
295.000.000
|
Primeiro
grande evento de extinção em massa. Formação do supercontinente Pangea. |
Carbonífero
|
xxxx
|
355.000.000
|
Formação
de grandes florestas | |
Devoniano
|
xxxx
|
410.000.000
|
Primeiros
peixes | |
Siluriano
|
xxxx
|
435.000.000
|
Estabilização
do clima. Derretimento do gelo glacial, elevação dos níveis dos oceanos. Evolução dos peixes. | |
Ordoviciano
|
xxxx
|
500.000.000
|
Surgimentos
dos invertebrados marinhos e plantas. | |
Cambriano
|
xxxx
|
540.000.000
|
Aparecimento
dos principais grupos animais. | |
Pré-cambriana
| 4.600.000.000 | No final deste período surge a vida na Terra. | ||
terça-feira, 18 de setembro de 2012
Fósseis no RN
RN É RICO EM FOSSEIS , MAS INVESTIMENTOS SÃO RAROS '
Quem nunca se pegou pensando quando e como nasceu a vida na terra? Como se deu a evolução dos animais e dos seres humanos? Pelo menos uma vez na vida, todos nós já fizemos esses e outros questionamentos a respeito da vida. Essas e outras dúvidas podem ser respondidas a partir de uma ciência chamada Paleontologia.
"A Paleontologia estuda as evi
Quem nunca se pegou pensando quando e como nasceu a vida na terra? Como se deu a evolução dos animais e dos seres humanos? Pelo menos uma vez na vida, todos nós já fizemos esses e outros questionamentos a respeito da vida. Essas e outras dúvidas podem ser respondidas a partir de uma ciência chamada Paleontologia.
"A Paleontologia estuda as evi
dências da vida pré-histórica preservadas nas rochas, os fósseis, mas essa ciência também tem uma importância econômica, pois estudando os fósseis dá para saber que ambiente era aquele, se era mar ou deserto, por exemplo. E a partir dessas descobertas nós temos informações sobre bens minerais e energéticos", explicou o paleontólogo e professor do Departamento de Geologia da UFRN, Narendra Srivastava.
Apesar de toda a importância, aqui no Rio Grande do Norte, os investimentos nessa área ainda são muito fracos. "De zero a dez, eu diria que os investimentos estão abaixo da média. E olhe que o RN é um estado rico em fóssil", disse o professor Narendra. E ele tem lá suas razões, a começar pela estrutura disponibilizada. Por falta de um espaço adequado, boa parte dos fósseis minerais fica amontoada na sala do professor.
Mas apesar das dificuldades, a UFRN tem um bom acervo de fósseis. As peças de animais vertebrados, como elefante, baleia e outros animais ficam no museu Câmara Cascudo, já a Universidade fica com as rochas e os fósseis mais antigos. "Nós temos aqui na UFRN, a mais antiga evidência da vida. São os estromatólitos, que têm uma idade de dois bilhões e 300 milhões de anos e foram encontrados em Minas Gerais", disse Narendra.
Estromatólitos (do grego stroma = cama, camada e lithos = rochas) são estruturas organo-sedimentares produzidas pelo aprisionamento, retenção de sedimentos resultante do crescimento e da atividade metabólica de microorganismos, principalmente cianobactérias (algas azuis).
De acordo com o professor, alguns estudiosos acreditam que essas cianobactérias foram possivelmente responsáveis pela geração de parte do oxigênio da antiga atmosfera terrestre, sendo a forma de vida dominante por mais de 2 bilhões de anos. Mas a mais antiga evidência de vida na terra data de quatro bilhões de anos e está na Islândia. Aqui no Estado os fósseis mais antigos possuem 135 milhões de anos. Um exemplo é um pedaço de tronco de Pinheiro que foi encontrado na região de Pau dos Ferros, durante algumas das expedições realizadas pelo professor Narendra.
O acervo também é formado por fósseis de piabas, muriçocas, peixes, folhas, rochas, entre outras 'jóias' do tempo. No RN, os melhores lugares para encontrar fósseis são nos municípios de Ouro Branco, Caicó, Areia Branca, Mossoró, João Câmara, Jandaíra. "Os fósseis são encontrados em rochas sedimentares, principalmente de calcários, e nesses locais existem bastante rochas desse tipo", disse o professor.
Pesquisa é dividida em duas etapas
Mas encontrar um fóssil não é uma tarefa fácil. É preciso muito estudo e, principalmente, paciência para passar horas e horas procurando-os. "Às vezes eles são tão pequenos que só podem ser vistos através do microscópio e aí cabe ao paleontólogo saber se naquele ambiente pode existir um fóssil.", disse o professor.
As pesquisas são divididas em duas etapas. A primeira é a viagem de campo para procurar os fósseis. "É nessa parte que entra a paciência porque, na maioria das vezes, os fósseis não estão à mostra. É preciso procurar, cavar e leva um certo tempo. Por isso é sempre bom fazer um estudo da região que vai ser explorada", explicou o paleontólogo.
A segunda parte é a coleta de amostras. Depois de encontrados, os fósseis são levados para o laboratório, onde são feitos estudos para saber, entre outras características, a idade da peça encontrada.
A UFRN possui um laboratório especializado para identificar os fósseis, mas não tem a estrutura necessária para descobrir a idade deles. "Existem duas maneiras para datarmos os fósseis, uma é através da comparação com outros fósseis. Ou seja, analisando determinadas características eu tenho como saber a idade dele. Isso a gente pode fazer aqui. Mas a outra forma, que chamamos de datação isotópica não temos como fazer aqui, só em laboratórios de São Paulo ou nos Estados Unidos. Aqui no Nordeste, apenas o Estado de Pernambuco faz a datação isotópica", explicou Narendra.
A datação isotópica utiliza isótopos de elementos químicos, como por exemplo, o carbono 14. Através de experimentos, os cientistas conseguem saber a proporção de carbono-14 em um ser vivo, planta ou animal. Essa proporção, no entanto, começa a mudar a partir do momento em que o organismo morre. Nesse instante, é acionado um 'relógio nuclear' que consiste na percentagem decrescente de carbono-14 no organismo que morreu. Para saber há quanto tempo o organismo morreu basta medir, quanto carbono-14 resta em seu corpo ou parte dele.
Experimentos como esses precisam de equipamentos modernos e, na maioria da vezes, onerosos, como microscópio eletrônico de um milhão de reais. Talvez esse seja um dos motivos para a falta de investimento por parte de empresas e, até mesmo das universidades. Para se ter uma idéia, o custo de uma pesquisa pode chegar a R$100 mil ou até mais, dependendo do tipo de estudo.
"Temos dificuldades em conseguir recursos, aqui na UFRN sempre tentamos através do CNPq. Poderíamos contar com parcerias de empresas que trabalham no campo da mineração, mas as que realizam essas pesquisas, como a Petrobras, preferem não divulgar informações. Elas contratam geólogos particulares para que esses trabalhos sejam desenvolvidos no maior sigilo".
Professores descobrem nanofósseis
Mesmo com todas as dificuldades os nossos paleontólogos conseguem fazer descobertas interessantes, como a do professor Narenda Srivastava que descobriu os primeiros microfósseis do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, que fica a mil quilômetros de Natal, no hemisfério Norte.
"Eu e um outro pesquisador encontramos os nanofósseis de calcário, um grupo de fósseis com tamanho menor do que 6,3 micros. Fazendo uma comparação, eles são bem menores do que um grão de areia", disse o professor.
Eles são investigados tanto do ponto de vista paleontológico quanto do geoquímico. Com relação à geoquímica, os nanofósseis são vistos como partículas minerais, cuja constituição reflete a composição química do meio em que foram formados (água do mar). "Sabendo a composição química ambiente temos condições de saber que tipos de minerais possuem", disse Narendra.
Para essa pesquisa o professor contou com a ajuda da Marinha do Brasil que ofereceu o transporte e a hospedagem. "Essa pesquisa custou cerca de R$50 mil".
Fósseis do RN vão para Minas Gerais
Cerca de quatro toneladas de material contendo fósseis de moluscos, retirados da região do Vale do Açu, foram enviados no início deste mês para análise em um instituto de Minas Gerais. A descoberta dos fósseis ocorreu durante as escavações para a construção do gasoduto Açu-Serra do Mel, ocorridas entre março e dezembro do ano passado. As amostras vão ser examinadas no Centro de Pesquisas Paleontológicas "Llewellyn Ivor Price", ligado à Fundação Municipal de Ensino Superior de Uberaba.
De acordo com a Petrobras, responsável pelo gasoduto, o centro ficou responsável pelo Programa de Monitoramento de Registros Fósseis, para "verificar a possibilidade de haver algum tipo de achado paleontológico na área do empreendimento".
A Petrobras informou que, após a identificação, a área foi isolada "com o devido acompanhamento de um profissional de paleontologia", só então foi feito o resgate do material, enviado em uma única remessa a Uberaba. "Antes do envio do material ocorreu o repasse da informação, pelo centro, para o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNMP) regional do RN. A saída do material foi acompanhada por um paleontólogo do DNPM de Brasília e um representante do DNPM-RN", esclareceu ainda a estatal.
Apesar de toda a importância, aqui no Rio Grande do Norte, os investimentos nessa área ainda são muito fracos. "De zero a dez, eu diria que os investimentos estão abaixo da média. E olhe que o RN é um estado rico em fóssil", disse o professor Narendra. E ele tem lá suas razões, a começar pela estrutura disponibilizada. Por falta de um espaço adequado, boa parte dos fósseis minerais fica amontoada na sala do professor.
Mas apesar das dificuldades, a UFRN tem um bom acervo de fósseis. As peças de animais vertebrados, como elefante, baleia e outros animais ficam no museu Câmara Cascudo, já a Universidade fica com as rochas e os fósseis mais antigos. "Nós temos aqui na UFRN, a mais antiga evidência da vida. São os estromatólitos, que têm uma idade de dois bilhões e 300 milhões de anos e foram encontrados em Minas Gerais", disse Narendra.
Estromatólitos (do grego stroma = cama, camada e lithos = rochas) são estruturas organo-sedimentares produzidas pelo aprisionamento, retenção de sedimentos resultante do crescimento e da atividade metabólica de microorganismos, principalmente cianobactérias (algas azuis).
De acordo com o professor, alguns estudiosos acreditam que essas cianobactérias foram possivelmente responsáveis pela geração de parte do oxigênio da antiga atmosfera terrestre, sendo a forma de vida dominante por mais de 2 bilhões de anos. Mas a mais antiga evidência de vida na terra data de quatro bilhões de anos e está na Islândia. Aqui no Estado os fósseis mais antigos possuem 135 milhões de anos. Um exemplo é um pedaço de tronco de Pinheiro que foi encontrado na região de Pau dos Ferros, durante algumas das expedições realizadas pelo professor Narendra.
O acervo também é formado por fósseis de piabas, muriçocas, peixes, folhas, rochas, entre outras 'jóias' do tempo. No RN, os melhores lugares para encontrar fósseis são nos municípios de Ouro Branco, Caicó, Areia Branca, Mossoró, João Câmara, Jandaíra. "Os fósseis são encontrados em rochas sedimentares, principalmente de calcários, e nesses locais existem bastante rochas desse tipo", disse o professor.
Pesquisa é dividida em duas etapas
Mas encontrar um fóssil não é uma tarefa fácil. É preciso muito estudo e, principalmente, paciência para passar horas e horas procurando-os. "Às vezes eles são tão pequenos que só podem ser vistos através do microscópio e aí cabe ao paleontólogo saber se naquele ambiente pode existir um fóssil.", disse o professor.
As pesquisas são divididas em duas etapas. A primeira é a viagem de campo para procurar os fósseis. "É nessa parte que entra a paciência porque, na maioria das vezes, os fósseis não estão à mostra. É preciso procurar, cavar e leva um certo tempo. Por isso é sempre bom fazer um estudo da região que vai ser explorada", explicou o paleontólogo.
A segunda parte é a coleta de amostras. Depois de encontrados, os fósseis são levados para o laboratório, onde são feitos estudos para saber, entre outras características, a idade da peça encontrada.
A UFRN possui um laboratório especializado para identificar os fósseis, mas não tem a estrutura necessária para descobrir a idade deles. "Existem duas maneiras para datarmos os fósseis, uma é através da comparação com outros fósseis. Ou seja, analisando determinadas características eu tenho como saber a idade dele. Isso a gente pode fazer aqui. Mas a outra forma, que chamamos de datação isotópica não temos como fazer aqui, só em laboratórios de São Paulo ou nos Estados Unidos. Aqui no Nordeste, apenas o Estado de Pernambuco faz a datação isotópica", explicou Narendra.
A datação isotópica utiliza isótopos de elementos químicos, como por exemplo, o carbono 14. Através de experimentos, os cientistas conseguem saber a proporção de carbono-14 em um ser vivo, planta ou animal. Essa proporção, no entanto, começa a mudar a partir do momento em que o organismo morre. Nesse instante, é acionado um 'relógio nuclear' que consiste na percentagem decrescente de carbono-14 no organismo que morreu. Para saber há quanto tempo o organismo morreu basta medir, quanto carbono-14 resta em seu corpo ou parte dele.
Experimentos como esses precisam de equipamentos modernos e, na maioria da vezes, onerosos, como microscópio eletrônico de um milhão de reais. Talvez esse seja um dos motivos para a falta de investimento por parte de empresas e, até mesmo das universidades. Para se ter uma idéia, o custo de uma pesquisa pode chegar a R$100 mil ou até mais, dependendo do tipo de estudo.
"Temos dificuldades em conseguir recursos, aqui na UFRN sempre tentamos através do CNPq. Poderíamos contar com parcerias de empresas que trabalham no campo da mineração, mas as que realizam essas pesquisas, como a Petrobras, preferem não divulgar informações. Elas contratam geólogos particulares para que esses trabalhos sejam desenvolvidos no maior sigilo".
Professores descobrem nanofósseis
Mesmo com todas as dificuldades os nossos paleontólogos conseguem fazer descobertas interessantes, como a do professor Narenda Srivastava que descobriu os primeiros microfósseis do Arquipélago de São Pedro e São Paulo, que fica a mil quilômetros de Natal, no hemisfério Norte.
"Eu e um outro pesquisador encontramos os nanofósseis de calcário, um grupo de fósseis com tamanho menor do que 6,3 micros. Fazendo uma comparação, eles são bem menores do que um grão de areia", disse o professor.
Eles são investigados tanto do ponto de vista paleontológico quanto do geoquímico. Com relação à geoquímica, os nanofósseis são vistos como partículas minerais, cuja constituição reflete a composição química do meio em que foram formados (água do mar). "Sabendo a composição química ambiente temos condições de saber que tipos de minerais possuem", disse Narendra.
Para essa pesquisa o professor contou com a ajuda da Marinha do Brasil que ofereceu o transporte e a hospedagem. "Essa pesquisa custou cerca de R$50 mil".
Fósseis do RN vão para Minas Gerais
Cerca de quatro toneladas de material contendo fósseis de moluscos, retirados da região do Vale do Açu, foram enviados no início deste mês para análise em um instituto de Minas Gerais. A descoberta dos fósseis ocorreu durante as escavações para a construção do gasoduto Açu-Serra do Mel, ocorridas entre março e dezembro do ano passado. As amostras vão ser examinadas no Centro de Pesquisas Paleontológicas "Llewellyn Ivor Price", ligado à Fundação Municipal de Ensino Superior de Uberaba.
De acordo com a Petrobras, responsável pelo gasoduto, o centro ficou responsável pelo Programa de Monitoramento de Registros Fósseis, para "verificar a possibilidade de haver algum tipo de achado paleontológico na área do empreendimento".
A Petrobras informou que, após a identificação, a área foi isolada "com o devido acompanhamento de um profissional de paleontologia", só então foi feito o resgate do material, enviado em uma única remessa a Uberaba. "Antes do envio do material ocorreu o repasse da informação, pelo centro, para o Departamento Nacional de Produção Mineral (DNMP) regional do RN. A saída do material foi acompanhada por um paleontólogo do DNPM de Brasília e um representante do DNPM-RN", esclareceu ainda a estatal.
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